É tempo de planejar a manutenção
A manutenção de uma usina precisa ser detalhadamente planejada para evitar problemas graves de operação e consequentemente grandes prejuízos financeiros. As indústrias do setor sucroenergético tradicionalmente priorizam a manutenção durante o período de entressafra, que dura cerca de quatro meses – entre o final de dezembro e abril. O professor doutor da Faculdade de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) , Carlos Eduardo Freitas Vian explica que o planejamento da manutenção é fundamental para evitar impactos em todo o processo produtivo.
A manutenção regular dos equipamentos é que vai evitar custos elevados com reparos futuros ou imprevistos durante o decorrer da moagem. “A manutenção preditiva minimiza a manutenção corretiva, isso é, a necessidade de manutenção quando há a quebra de um equipamento no meio da safra. Quanto menos paradas, menor as perdas”, resume o professor.
Para o consultor, Ricardo Steckelberg, a manutenção deve ser planejada com antecedência por vários fatores. Ele destaca como benefícios a redução do custo e maior parcelamento do pagamento, a diminuição dos riscos de entrega por parte dos fornecedores, o melhor controle de qualidade dos serviços de fabricação e reindustrialização, além de facilitar o diligenciamento dos serviços seja pela própria indústria ou por uma consultoria terceirizada.
Algumas ações devem ser tomadas logo no início da safra. Como a contratação dos serviços padrões de manutenção. Steckelberg destaca para os serviços de refrisamento de moenda, camisas novas, bagaceiras e pentes. “Cada setor da indústria possui serviços padrões que podem ser contratados com bastante antecedência como as centrífugas de açúcar e de fermento para citar alguns exemplos”, complementa.
Os especialistas afirmam que é importante que a indústria faça um bom planejamento, inclusive com reuniões do PCM (Planejamento e Controle de Manutenção) com a equipe de manutenção para elencar o máximo de serviços padrões para facilitar as contratações antecipadas.
“Os equipamentos podem ser monitorados durante a safra, permitindo identificar quando irão estragar ou precisam ser substituídos. Este planejamento nasce de inspeções periódicas rigorosas, manutenções preventivas e preditivas. Um bom exemplo, uma bomba pode ser realocada na mesma usina de um lugar para outro, reduzindo custos”, explica Carlos Vian.
Um bom planejamento é fundamental para que a manutenção seja executada dentro dos prazos estabelecidos e a custos mais baixos. Um planejamento bem feito permite a locação de recursos materiais e humanos no momento certo, evita retrabalhos, desperdícios de tempo e recursos e, como consequência, a manutenção é realizada com mais qualidade. “Otimizar recursos e tempo são fatores preponderantes na redução de custos”, enfatiza Steckelberg.
O planejamento de manutenção depende de cada usina. Algumas possuem um departamento específico – o PCM. Esse setor coordena e realiza o plano de manutenção com a orientação técnica de vários departamentos da usina. “O PCM necessita acompanhar e fornecer dados históricos para referência. Durante a execução, o PCM recebe informações do andamento dos serviços e fornece o feedback para correção ou ajuste das metas definidas”, salienta.
Entretanto, muitas usinas ainda não possuem um PCM, Neste caso, o planejamento é feito baseado na experiência da equipe. “O risco desse tipo de gestão é de não contemplar todos os serviços que devem ser realizados”, alerta o consultor.
Tendência
O mercado tem visto que o período de entressafra está a cada ano menor nas usinas. “A tendência atual é ampliar o período de moagem da usina, além de trabalhar com a cana, muitas continuam o processo produtivo com o milho. Assim, a manutenção preditiva é de uma importância”, friza Vian.
Canal-Jornal da Bioenergia