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Prevenção

 

NR-13 nas usinas: vasos de pressão e caldeiras

A preocupação com o bom funcionamento de vasos de pressão e caldeiras é um tema antigo no setor industrial. Fundamentais para o processo produtivo, esses equipamentos geralmente possuem alta tecnologia embarcada, dependem de operação especializada e suas não conformidades podem gerar uma série de riscos.

O assunto começou a ser regulado em 1945, dois anos depois da aprovação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e, desde então, vem sendo alvo de discussões para se aprimorar. Mas só em 1978 é que o Ministério do Trabalho editou a primeira portaria específica para caldeiras e vasos de pressão, a NR-13, inspirada nos moldes praticados pela Petrobras.

A norma passou por três revisões até 2011, quando foi realizada a última reedição. A NR-13 classifica como caldeiras a vapor os “equipamentos destinados a produzir e acumular vapor superior à pressão atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia”. Elas geram calor por meio da queima de subprodutos, como o bagaço, o cavaco e o caldo concentrado.

Já os vasos de pressão são conceituados como “equipamentos que contém fluidos sob pressão interna ou externa”. Eles são preenchidos com fluidos no vácuo e empregados para os mais diferentes usos, como a recepção da cana e a destilação. Uma usina que mói três milhões de toneladas pode ter até 300 vasos em sua área industrial e outras 50 unidades no campo.

Em razão do porte e da importância desses equipamentos, a inspeção contínua é considerada fundamental para a redução dos riscos de acidentes. As perspectivas para o cumprimento cada vez mais rigoroso dos requisitos de segurança para a operação desses equipamentos apontam para uma maior preocupação dos gestores do setor industrial em proteger a integridade de seus colaboradores e de seu patrimônio.

A cada safra, crescem os investimentos em inspeções de integridade desses equipamentos e em qualificação de profissionais. Segundo os especialistas, a inspeção de caldeiras se encontra, hoje, em um estágio mais avançado. Isso acontece porque desde a primeira edição da norma existem critérios claros para o cumprimento. Para os vasos de pressão, porém, o cenário é outro.

De acordo com o diretor técnico da SP Qualidade, José Claudemiro Oliveira, muitas empresas ainda têm dificuldade em cumprir as normas porque as exigências para a inspeção de vasos de pressão são mais recentes. Além disso, os custos de adequação também costumam ser mais elevados em equipamentos mais antigos.

“Para os vasos de pressão que foram fabricados sem a adequação à NR-13, o orçamento fica na faixa de R$ 180 mil a R$ 250 mil”, conta. Apesar disso, os especialistas apontam que a prevenção é um fundamento básico para que esses equipamentos sejam operados.

“Um acidente com caldeira ou vaso de pressão pode criar inúmeros infortúnios aos responsáveis, seja de ordem civil ou criminal, principalmente se envolver mortes. Os estragos são proporcionais aos tamanhos e pressões empregadas”, revela o diretor da LCR Figueiredo, Luís Carlos Figueiredo.

Os serviços podem acontecer a partir de contratos pontuais, em que as usinas ficam responsáveis pelo controle diário dos equipamentos, ou mesmo por gestão contínua. Segundo os especialistas, cabe às empresas avaliar qual é o modelo mais vantajoso dos pontos de vista financeiro e administrativo.

Para Figueiredo, a preocupação tem sido mais acentuada nas grandes empresas, que têm capital de giro maior. De acordo com o profissional, manter esses equipamentos nos padrões estabelecidos pela legislação pode, ainda, resultar em uma melhor relação custo-benefício para as usinas.

“O monitoramento e a adequação, quando realizados por empresas habilitadas e com bons equipamentos, irão fazer com que a vida útil do equipamento seja ampliada e sua operação seja realizada com mais esmero”, confirma.

A rotina de inspeção de caldeiras e vasos de pressão é regida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, que estabelece testes e equipamentos específicos para esse trabalho. Na grande maioria das vezes, o setor de Segurança das usinas coordena o trabalho, que é executado por empresas terceirizadas. Cabe ao engenheiro de inspeção aplicar os procedimentos padronizados.

Integram esse trabalho laboratórios especializados em calibrações e metalurgia. “Essas ferramentas não só garantem confiabilidade aos resultados, como também ajudam na afinação das regulagens dos equipamentos, muitas vezes corrigindo desperdícios de grande monta”, revela Luís Carlos Figueiredo, da LCR Figueiredo.

O tempo médio para a adequação integral de uma planta agroindustrial às exigências da NR-13 pode chegar a cinco anos, incluindo até mesmo a adaptação papelada dos equipamentos. “Grande parte dos vasos de pressão não dispõem essa documentação”, conta Benedito Campanha, da Welding.

Alguns cuidado podem garantir uma maior qualidade da operação desses equipamentos. Para os especialistas, a incidência de riscos é inversamente proporcional aos conhecimentos atrelados à fabricação e ao funcionamento. Assim, a evolução está diretamente ligada à difusão de informações sobre o tema.

“Na hora de adquirir um vaso de pressão novo, as usinas têm se preocupado em escolher bons projetos, fazer análises críticas deles, recorrer a fabricantes e montadoras idôneas, pensar na logística para o transporte até a usina e cumprir o plano de inspeção durante a montagem e soldagem”, garante Campanha.

“As usinas passaram por grandes inovações. Hoje, trabalham com sistemas automatizados e mecanizados, mão-de-obra qualificada e fornecedores especializados, o que contribui para que os procedimentos da NR-13 sejam seguidos”, finaliza José Claudemiro Oliveira.

Canal-Jornal da Bioenergia

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