O Brasil tem tudo para ser protagonista da transição energética mundial — e um novo estudo mostra exatamente como isso pode acontecer. O Instituto MBCBrasil acaba de lançar o levantamento “Iniciativas e Desafios Estruturantes para Impulsionar a Mobilidade de Baixo Carbono no Brasil até 2040”, elaborado pela LCA Consultores. O material traça um panorama inédito dos desafios e oportunidades que o país precisa enfrentar para avançar rumo a uma mobilidade mais limpa e sustentável nos próximos 15 anos.
O estudo mergulha nas projeções de crescimento dos veículos eletrificados, nas perspectivas para o etanol e o biometano, e nos investimentos necessários para modernizar a infraestrutura nacional. O cenário é promissor: a frota de veículos eletrificados deve crescer 44 vezes até 2040, puxada principalmente pelos híbridos, que devem responder por 72% desse total. Já os motores flex seguem com papel relevante, consolidando a rota dos híbridos-flex (bioelétricos) como solução genuinamente brasileira para uma transição energética inteligente.
Para o presidente do Instituto MBCBrasil, José Eduardo Luzzi, o desafio agora é transformar o potencial técnico em resultados práticos. “O Brasil tem condições únicas para liderar uma transição energética eficiente e inclusiva, capaz de unir crescimento econômico e sustentabilidade. O avanço das novas tecnologias e o fortalecimento dos biocombustíveis mostram que é possível reduzir emissões e, ao mesmo tempo, ampliar oportunidades de desenvolvimento”, afirma.
Biocombustíveis como trunfo nacional
O estudo reforça o protagonismo do etanol e de outros biocombustíveis na matriz energética brasileira. A demanda por etanol pode crescer até 2,4 vezes até 2040, impulsionada pelo uso crescente em combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e no transporte marítimo — setores que devem consumir o equivalente a 80% da demanda total de etanol do ciclo Otto registrada em 2025.
Apesar do salto na demanda, a oferta também deve crescer de forma robusta. O setor sucroenergético aposta em inovação genética e biotecnológica para dobrar a produtividade da cana-de-açúcar até 2040, enquanto o etanol de milho desponta como novo vetor de segurança energética e diversificação, podendo atingir até 25 bilhões de litros ao ano no mesmo período.
Biometano: energia limpa do campo
O biometano é outro destaque do estudo, apresentado como peça-chave na descarbonização do transporte pesado. Produzido a partir de resíduos agroindustriais, o combustível pode substituir até 70% do diesel consumido no transporte rodoviário até 2040, segundo projeções da LCA Consultores. A expansão dessa cadeia produtiva deve criar novos polos regionais de desenvolvimento, especialmente nas regiões ligadas ao agronegócio e ao setor sucroenergético.
O futuro do transporte de carga
Mesmo com os caminhões a combustão ainda predominando — cerca de 85% da frota —, o estudo prevê crescimento acelerado das alternativas sustentáveis. Até 2040, veículos a biometano e elétricos a bateria (BEV) devem representar 15% da frota. Além disso, a política de biocombustíveis seguirá fundamental, com mistura de biodiesel no diesel chegando a B20 no cenário base e B25 no alternativo, garantindo uma transição gradual e segura.
A infraestrutura também precisará acompanhar o ritmo da transformação. Estima-se que o país precisará investir R$ 25 bilhões até 2040 apenas para criar uma rede de recarga adequada à frota elétrica. Com uma matriz elétrica 88% renovável, o Brasil já parte de uma posição privilegiada para consolidar esse novo modelo de mobilidade.
Missão: acelerar a transição
Para o Instituto MBCBrasil, alcançar as metas climáticas e energéticas exige ação imediata e coordenação entre governo, empresas e sociedade. A entidade reforça que a mobilidade de baixo carbono é mais do que uma tendência — é uma oportunidade concreta para o Brasil unir inovação, competitividade e sustentabilidade.
O Instituto MBCBrasil é uma organização multissetorial dedicada a acelerar a descarbonização da mobilidade no país. Formado por empresas, entidades de pesquisa, associações e trabalhadores, o Instituto atua na criação de políticas públicas baseadas em evidências e na promoção de tecnologias sustentáveis. Defende a integração entre biocombustíveis, eletrificação e novas fontes renováveis, com foco em garantir uma transição energética justa, geradora de emprego, renda e inovação.
Comunicação Sifaeg
